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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Humanização da Educação e Inclusão Digital

Exercendo a função de especialista em educação (supervisora) no noturno percebi que a freqüência dos alunos era baixa e a evasão grande, então elaborei um projeto que despertasse os valores e a auto-estima. Para executar o projeto tenho que pesquisar assuntos diversos, músicas, mensagens, slides, vídeos, tudo relacionado ao tema o que me faz exercitar o que estou aprendendo nas capacitações digitais.
No texto a seguir o professor Moran expressa perfeitamente o que penso e sinto.
A afetividade e a auto-estima na relação pedagógica
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
As escolas se preocupam principalmente com o conhecimento intelectual e hoje constatamos que tão importante como as idéias é o equilíbrio emocional, o desenvolvimento de atitudes positivas diante de si mesmo e dos outros, aprender a colaborar, a viver em sociedade, em grupo, a gostar de si e dos demais.
"Os alunos só terão sucesso na escola, no trabalho e na vida social se tiverem autoconfiança e auto-estima. A escola de hoje não trabalha isso", afirma Wong ao sugerir que as instituições de ensino criem cursos de psicologia comportamental em que os alunos possam aprender mais sobre si mesmos. Segundo ele, a autoconfiança só se adquire por meio de autoconhecimento .
A educação, como as outras instituições, tem se baseado na desconfiança, no medo a sermos enganados pelos alunos, na cultura da defesa, da coerção externa. O desenvolvimento da auto-estima é um grande tema transversal. É um eixo fundamental da proposta pedagógica de qualquer curso. Este é um campo muito pouco explorado, apesar de que todos concordamos que é importante. Aprendemos mais e melhor se o fazemos num clima de confiança, de incentivo, de apoio, de autoconhecimento. Se estabelecemos relações cordiais, de acolhimento para com os alunos, se nos mostramos pessoas abertas, afetivas, carinhosas, tolerantes e flexíveis, dentro de padrões e limites conhecidos. “Se as pessoas são aceitas e consideradas, tendem a desenvolver uma atitude de mais consideração em relação a si mesmas” .
Temos baseado a educação mais no controle do que no afeto, no autoritarismo do que na colaboração. “Talvez o significado mais marcante de nosso trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente nosso modo de ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como dignos de confiança e competentes para enfrentar os problemas - tudo isto é inaudito na vida comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder sobre eles, poder para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa cultura”.
A afetividade é um componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao sensorial e ao intuitivo. A afetividade se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão, de ternura, da compreensão para consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento. A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os resultados. Facilita a comunicação, toca os participantes, promove a união. O clima afetivo prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as potencialidades. O homem contemporâneo, pela relação tão forte com os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, é muito sensível às formas de comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais.
“O homem da racionalidade é também o da afetividade, do mito e do delírio ( demens) . O homem do trabalho é também o do jogo ( ludens) . O empírico é também o imaginário ( imaginarius) ; o da economia é também o do consumismo ( consumans) ; o prosaico é também da poesia, do fervor, da participação, do amor, do êxtase. O amor é poesia. Um amor nascente inunda o mundo de poesia, um amor duradouro irriga de poesia a vida cotidiana, o fim de um amor, devolve-nos à prosa” . No ser humano, o desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais anulou o conhecimento simbólico, mágico ou poético”
A educação precisa incorporar mais as dinâmicas participativas como as de autoconhecimento (trazer assuntos próximos à vida dos alunos), as de cooperação (trabalhos de grupo, de criação grupal) e as de comunicação (como o teatro ou a produção de um vídeo).
Na educação podemos ajudar a desenvolver o potencial que cada aluno tem, dentro das suas possibilidades e limitações. Para isso, precisamos praticar a pedagogia da compreensão contra a pedagogia da intolerância, da rigidez, a do pensamento único, da desvalorização dos menos inteligentes, dos fracos, problemáticos ou “perdedores”.
Praticar a pedagogia da inclusão. A inclusão não se faz somente com os que ficam fora da escola. Dentro da escola muitos alunos são excluídos pelos professores e colegas. São excluídos quando nunca falamos deles, quando não os valorizamos, quando os ignoramos continuamente. São excluídos quando supervalorizamos alguns, colocando-os como exemplos em detrimento de outros. São excluídos quando exigimos de alunos com dificuldades de aceitação e de relacionamento, resultados imediatos, metas difíceis para eles no campo emocional.
Há uma série de obstáculos no caminho: a formação intelectual valoriza mais o conteúdo oral e textual, separando razão e emoção. O professor não costuma ter uma formação emocional, afetiva. Por isso, tende a enxergar mais os erros que os acertos. A falta de valorização profissional também interfere na auto-estima. Se os professores não desenvolvem sua própria auto-estima, se não se dão valor, se não se sentem bem como pessoas e profissionais, não poderão educar num contexto afetivo. Ninguém dá o que não tem. Por isso, é importante organizar atividades com gestores e professores de sensibilização e técnicas de autoconhecimento e auto-estima. Ter aulas de psicologia para autoconhecimento e especialistas em orientação psicológica. Ações para que alunos e professores desenvolvam sua autoconfiança, sua auto-estima; que tenham respeito por si mesmos e acreditem em si; que percebam, sintam e aceitem o valor pessoal e o dos outros . Assim será mais fácil aprender e comunicar-se com os demais. Sem essa base de auto-estima, alunos e professores não estarão inteiros, plenos para interagir e se digladiarão como opostos, quando deveriam ver-se como parceiros.
Para que os alunos tenham certeza do que comunicamos, é extremamente importante que haja sintonia entre a comunicação verbal , a falada e a não verbal , a comunicação gestual, a que passa pela inflexão sonora, pelo olhar, pelos gestos corporais de aproximação ou afastamento. As pessoas que tiveram uma educação emocional mais rígida, menos afetiva, costumam ter dificuldades também em expressar suas reais intenções, em comunicar-se com clareza. Costumam expressar-se de forma ambígua, utilizam recursos retóricos como a ironia, o duplo sentido, o que deixa confusos os ouvintes, sem conseguir decifrar o alcance total das intenções do comunicador.
O professor que gerencia bem suas emoções confere às suas palavras e gestos clareza, convergência, reforço e, geralmente, o faz de forma tranqüila, sem agredir o outro. O aluno capta claramente a mensagem. Poderá concordar ou não com ela, mas encontra pistas seguras de interpretação e formas de aceitação mais fáceis. O professor equilibrado, aberto, nos encanta. Antes de prestar atenção ao significado das palavras, prestamos atenção aos sinais profundos que nos envia, de que é uma pessoa de bem com a vida, confiante, aberta, positiva, flexível, que se coloca na nossa posição também, que tem capacidade de entender-nos e de discordar, sem aumentar desnecessariamente as barreiras.
Participamos de inúmeras formas de comunicação em grupos e organizações, mais ou menos significativas. Em cada uma das organizações, como, por exemplo, as ligadas ao trabalho, à educação, ao entretenimento, desempenhamos papéis mais “profissionais” - em que mostramos competência, conhecimento em áreas específicas - e outros papéis mais pessoais. Um médico, mesmo que esteja conversando num bar de um clube de tênis, continuará sendo visto pelos outros como um profissional da saúde e pesarão mais as suas opiniões sobre uma determinada doença do que as de um colega engenheiro sentado ao seu lado.
Essa competência maior ou menor e a forma como a exercemos - com mais ou menos simpatia - facilita ou dificulta a nossa comunicação no campo organizacional. Podemos ser vistos como pessoas competentes, mas de difícil convivência, ou muito simpáticos, mas pouco inteligentes.
Nos vários ambientes que freqüentamos, nos comunicamos como pessoas realizadas ou insatisfeitas, abertas ou fechadas, confiantes ou desconfiadas, competentes ou incompetentes, egoístas ou generosas, éticas ou a-éticas. Além disso, nos expressamos como homens ou mulheres, jovens ou adultos, ricos ou pobres. Todas essas variáveis interferem nos vários níveis de comunicação pessoal, grupal e organizacional e expressam o nível de aprendizagem que atingimos como pessoas.
Referência
http://www.eca.usp.br/prof/moran/educacao.htm

A construção do Conhecimento e as Novas Tecnologias
A aprendizagem é uma construção que acontece desde os primeiros momentos de vida do indivíduo, as vivências e descobertas vão se agrupando, hipóteses se concretizando num processo contínuo até o final de nossos dias. Isso dá sentido ao dito: Aprendemos a vida inteira e morremos sem saber.
Na época dos grandes pensadores o conhecimento não era sistematizado nem tão pouco compartimentado em áreas, não existia quadro curricular, dias letivos, carga horária, aparato didático ou tecnológico e, no entanto, foi o tempo de ouro dos oradores, políticos natos, grandes invenções que hoje são apenas aperfeiçoadas.
Com o passar dos séculos acreditamos que o ensinar e aprender foi se modernizando, as aulas que aconteciam ao ar livre e que além do ouvir e discutir também se experimentava foi para entre quatro paredes onde um fala e o outro ouve, ou apenas se limita a olhar para a lousa e transcrever, nesse cenário moderno, onde está a construção? E agora, os filhos do final do século XX e início do século XXI são nativos digitais, nós educadores estamos décadas distante deles, ficamos amedrontados e por vezes paralisados diante de tantos recursos que estão a nossa disposição e temos dificuldade em incorporá-los à nossa prática. Primeiro precisamos compreender que a tecnologia não faz nada sozinha e segundo que não temos opção senão buscar conhecer e nos capacitar para torná-la nossa aliada e facilitadora de nossa missão. O nosso olhar de professor precisa de um novo foco: ser aprendiz e mediador com e do nosso aluno, vê-lo como parceiro no processo, estreitar as relações e ser humilde para aprender enquanto ensina.
“Não basta estudar os constituintes e os processos de maneira isolada, é preciso ainda resolver os problemas decisivos que a organização e a ordem, que os une colocam; resultam da interação dinâmica das partes e tornam os seus comportamentos diferentes, quando estudados isoladamente ou quando pertencemos a um todo.” (Prof. Clayton Humberto-UEMG-Ituiutaba-MG.)
Para melhorar a educação contemporânea temos que compreender um universo maior onde o ser sobreponha o ter, a autoridade seja parceira da humildade e que juntos possamos aprender e ensinar, ter a inclusão digital e capacitação como prioridade além de aliar recursos tecnológicos e conteúdos de aprendizagem numa sintonia que ambos se instituam um todo.

Afetividade, aprendizagem e tecnologias, essa é a tríade da educação moderna, o nosso grande desafio como educadores comprometidos!
Adalgisia

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